Com voz firme, emoção e um turbante colorido que virou sua marca, Sônia Costa Margarida, representante do grupo “Mulheres Decididas para o Futuro” do Assentamento Taboleiro, zona rural de Ipanguaçu, fez um forte apelo durante evento sobre segurança hídrica e desenvolvimento rural nesta sexta-feira (06) no IFRN local.
Falando em nome das mulheres da agrovila, Sônia compartilhou com o deputado estadual Francisco do PT e com os presentes a trajetória de luta de sua família. “Dizem que eu sou metida, atrevida, resistente… mas a gente só quer viver e produzir em paz nessa terra”, afirmou.
Ela relembrou que em 2017, com apenas 5 mil litros d’água, conseguiu iniciar um sistema agroecológico que ajudou a formar duas filhas, uma delas no próprio Instituto onde falava. Hoje, apesar de ter conquistado um poço com vazão de 40 mil litros/hora, enfrenta um novo obstáculo: o custo da energia elétrica.
“Deputado, eu não estou conseguindo produzir porque a energia é muito cara. Precisamos pensar num parque de energia solar. Vamos mapear essas famílias que querem produzir. A luta é por dignidade, não por esmola.”
O apelo de Sônia não foi apenas técnico: foi um grito por políticas públicas eficazes e por visibilidade para as mulheres agricultoras, especialmente aquelas de comunidades rurais de Ipanguaçu.
Antes de concluir, ela deixou um recado forte:
“Não saiam daqui sem passar ali na nossa feirinha. Cada produto que levamos da nossa comunidade carrega uma história de resistência, de mãe, de mulher, de jovem que luta.”
Sônia é, sem dúvida, uma das vozes mais autênticas e potentes da agricultura familiar do Vale do Açu — e sua fala deixou o recado: água sem energia é semente sem chão.