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Centro de Tecnologia atenta para a preservação de recursos hídricos na bacia do Piancó-Piranhas-Açu

Um estudo de modelagem hidrológica com 50 reservatórios da bacia Piancó-Piranhas-Açu (PPA), realizado por integrantes do Programa de Pós-graduação em Engenharia Sanitária e Ambiental (PPgESA) do Centro de Tecnologia (CT) da UFRN, mostrou que a adoção de regras cada vez mais restritivas à liberação de água, em geral, não gera um volume d’água maior nesses reservatórios. A pesquisa foi publicada em um periódico de recursos hídricos da Sociedade Americana de Engenheiros Civis (ASCE, sigla em inglês), o Journal of Water Resources Planning and Management, com o título Yield-Evaporation-Spill Relationship in Semiarid Reservoirs under Different Operating Rules.

Além da conclusão acerca da restrição na liberação de água, os pesquisadores também constataram que há um outro impacto negativo nos reservatórios, especificamente, na garantia do abastecimento humano e dessedentação animal. “Esse efeito se dá porque, em um nível de racionamento elevado, há aumento das perdas de água pelos processos de evaporação e eventuais vertimentos, que é a perda de água por extravasamento, conhecido como ‘sangria’ — devido ao caráter vital da água para os nordestinos”, explicam os autores do estudo sobre reservatórios de água no semiárido.

Como método, a pesquisa analisou o trade-off (“troca”) entre o racionamento e a perda por evaporação e vertimento, o que foi avaliado a partir da modelagem do volume dos reservatórios analisados. O estudo foi realizado no âmbito do PPgESA, pelo mestrando Pedro Câmara, com orientação de Adelena Maia, que é pesquisadora em manejamento de bacias hidrográficas no Departamento de Engenharia Civil, e do professor Jonathan Mota, que tem experiências desenvolvidas em relação à modelagem hidrometeorológica no Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas (IAG), da Universidade de São Paulo (USP).

Além disso, a pesquisa teve financiamento da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) e do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), além de apoio dos dados obtidos com diversas instituições, tais como a Agência Nacional das Águas (ANA) e  a Secretaria de Meio Ambiente e dos Recursos Hídricos do Rio Grande do Norte (Semarh).

Os autores da pesquisa também tiveram apoio do professor titular aposentado da Universidade Federal do Ceará (UFC) José Nilson Bezerra Campos, que morreu no dia 7 de agosto de 2021.  “Sua importante contribuição nas áreas de planejamento e gerenciamento de recursos hídricos e hidrologia do semiárido inspirou e deu alicerce científico para a elaboração deste trabalho”, declaram os pesquisadores.

Açudes: importância no interior nordestino e gerenciamento dos reservatórios

Os reservatórios, popularmente chamados de açudes, compõem a paisagem nordestina e dão sustentação direta e indireta à segurança alimentar e hídrica a aproximadamente 60 milhões de nordestinos — o que representa quase 1/3 da população brasileira.

Essas bacias hidrográficas são relevantes para o sustento dos nordestinos que vivem em regiões com o clima semiárido, como é o caso do Rio Grande do Norte e da Paraíba. A bacia PPA, que serviu de objeto principal do estudo, localiza-se nesses estados. As chuvas que alimentam o reservatório se concentram praticamente em quatro meses do ano, de fevereiro a maio. “É nesse período que o sistema hídrico da bacia, formado por pelo menos 50 reservatórios estaduais, armazena água para transportá-la no futuro, tornando os rios perenes e mitigando os efeitos da seca a partir do abastecimento”, atentam os pesquisadores.

O gerenciamento adequado da água armazenada na região do semiárido tem sido, por muito tempo, um desafio para as instituições e para gestores públicos de recursos hídricos, segundo os autores do estudo. “O melhor aproveitamento dessas reservas é fundamental para a antecipação da sociedade às possíveis modificações nos padrões de precipitação, em função da significativa variabilidade hidroclimática da região”, afirmam os autores da pesquisa em questão, que procurou observar as características morfohídricas dos reservatórios, a variabilidade hidroclimática do semiárido e o uso de ferramentas metodológicas da hidrologia de reservatórios.

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