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“Apesar da compensação, o volume de água ainda está em nível de atenção”, alerta Edgar Machado em reunião sobre alocação hídrica em Sousa/PB

A Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico (ANA), em colaboração com o Comitê de Bacias Hidrográficas Piancó-Piranhas-Açu (CBH PPA), o Instituto de Gestão das Águas do Rio Grande do Norte (IGARN) e a Agência Executiva de Gestão das Águas da Paraíba (AESA), realizou nesta quarta-feira (11) a importante reunião de alocação de água para o período 2025-2026 do Sistema Hídrico integrado pelos Açudes Engenheiro Avidos e São Gonçalo. O encontro ocorreu no auditório da Universidade Federal de Campina Grande (UFCG), Campus de Sousa, na Paraíba, reunindo autoridades, membros do CBH PPA, representantes dos órgãos gestores de recursos hídricos e usuários da água da região.

A reunião teve como foco principal o planejamento e a distribuição racional da água disponível para uso múltiplo, especialmente para o abastecimento humano, irrigação e atividades econômicas, em um cenário desafiador devido às condições climáticas que afetam o semiárido nordestino.

Edgar Machado, especialista em Recursos Hídricos da ANA e responsável pela apresentação dos dados, iniciou seu relato contextualizando o comportamento dos reservatórios desde maio do ano passado, quando o Açude Engenheiro Avidos ainda estava em obras. Durante o período de intervenção, o volume armazenado permaneceu praticamente constante, já que a capacidade de acumulação estava limitada pela obra. Com a conclusão da obra, foi possível aumentar a transferência de água para o Açude São Gonçalo, que teve uma queda inicial no volume armazenado, seguida por uma recuperação parcial durante a última quadra chuvosa.

Entretanto, apesar da compensação acordada de 70 milhões de metros cúbicos — dividida entre 35 milhões entregues em 2024 e o restante condicionado à intensidade da quadra chuvosa — o volume atual permanece em nível considerado de “atenção” (na faixa amarela do gráfico de referência), longe dos níveis ideais (faixa verde ou azul). Isso reforça a necessidade de cautela no uso e acompanhamento rigoroso da distribuição da água.

Edgar destacou ainda os principais desafios enfrentados na gestão do sistema hídrico. A lentidão na transferência da água, especialmente durante e logo após o período das obras, dificultou o equilíbrio entre o volume disponível e a demanda dos usuários. Além disso, foram registrados meses em que a captação superou os volumes previamente alocados, o que compromete a sustentabilidade do sistema.

Essa situação reforça a importância do controle rigoroso e da comunicação eficiente entre os órgãos gestores e os usuários, para que as regras de uso sejam respeitadas e os volumes consumidos estejam alinhados ao planejamento. Desvios e captações não autorizadas podem gerar notificações e penalidades, mas principalmente prejudicar o equilíbrio do sistema como um todo.

Entre as medidas discutidas para o próximo ciclo de alocação, foi sugerida a criação de um grupo de trabalho específico para a coordenação da operação da água proveniente da transposição, que abastece a região do Rio Grande do Norte. Esse grupo terá a missão de planejar reuniões periódicas e garantir a integração entre os órgãos envolvidos, buscando eficiência e sucesso na operação deste importante recurso.

Segundo Edgar Machado, trata-se de um processo inovador e inédito, que demanda esforço coletivo para superar desafios técnicos e operacionais e estabelecer uma gestão colaborativa e sustentável.

A reunião também revisou a linha do tempo das operações recentes, como o socorro ao município de Nazarezinho via vertedor do Açude Engenheiro Avidos, iniciado em junho do ano passado, e as decisões da comissão para liberação de vazões constantes com o objetivo de proteger comunidades ribeirinhas.

O saldo remanescente da compensação será entregue ao longo dos próximos 50 a 60 dias, conforme a capacidade atual do sistema, com previsão para finalização até o fim de julho. Esse aporte é fundamental para manter o volume dos açudes em níveis que garantam o abastecimento e o uso sustentável da água.

A reunião reforçou a importância da gestão integrada e participativa dos recursos hídricos no semiárido nordestino, região historicamente vulnerável a secas prolongadas e que depende do equilíbrio cuidadoso entre oferta e demanda para evitar crises hídricas.

A cooperação entre a ANA, os comitês de bacias, os órgãos estaduais e os usuários é essencial para garantir o uso racional, o monitoramento constante e o cumprimento das regras, assegurando a disponibilidade da água para múltiplas gerações.

A próxima etapa será o acompanhamento detalhado da entrega da compensação, a operação coordenada da transposição e a avaliação contínua das condições do sistema hídrico para ajustar, quando necessário, as estratégias de uso e conservação.

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